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A prova de que vaidade masculina se tornou muito mais do que um assunto para preencher páginas de revistas é que gigantes da indústria de cosméticos lançaram recentemente linhas inteiras só para eles.

Vaidade, é bom que se esclareça, nunca foi uma prerrogativa feminina. Mas os homens costumavam expressá-la de uma forma que excluía a preocupação cotidiana com a pele ou com os cabelos. Era um impulso que, delimitado por rígidos códigos sociais, os levava apenas a comprar uma gravata bonita, um terno bem cortado ou um relógio vistoso. Quando esses códigos se afrouxaram um pouco, eles puderam buscar também, sem que isso fosse motivo de vergonha, músculos mais bem delineados. A adesão à cosmética é a quebra do último tabu que restava à plena manifestação da vaidade masculina.
Foi um moralista francês elevado ao panteão da glória literária, Jean de La Fontaine, que escreveu que não se deve julgar os outros pelas aparências. Foi um homossexual irlandês que chafurdou na lama da condenação moralista, Oscar Wilde, que disse que só os tolos não julgam pelas aparências. O dado curioso é que o mundo do trabalho formal hoje pende mais para a ironia de Wilde do que para a máxima de La Fontaine. A aparência soma vários pontos a favor na hora de selecionar profissionais. O pressuposto é o de que o funcionário também compõe a imagem pública de uma empresa. Esse fato de ordem concretíssima colaborou bastante para que os homens deixassem de ter receio de usar produtos de beleza.
Vamos lá, rapaz, seja homem e use um creminho, faça depilação, corte o cabelo...
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